VÍDEO: no primeiro dia do ano, grupo promove ação com moradores em situação de rua

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Pedro Piegas (Diário)

"A fome tem pressa". Motivado pela urgência de quem não tem o que comer, um grupo de voluntários promoveu neste primeiro dia de 2022 uma ação de acolhimento aos moradores em situação de rua de Santa Maria. Invisibilizados, ainda mais em datas comemorativas, quando a maioria da população está voltada para a ceia farta e os encontros familiares, eles receberam café da manhã, almoço e lanche, a oportunidade de tomar um banho de chuveiro, trocar de roupa e fazer a higiene pessoal, e também participaram de uma roda de conversa. A ação é promovida por grupos que realizam, ao longo do ano, assistência às pessoas em vulnerabilidade social na cidade. 

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Eliane Barbosa, 50 anos, é integrante do Projeto Abençoados, que começou há cerca de dois anos sob iniciativa de quatro mulheres evangélicas. A cada 15 dias, elas entregam marmitas e cestas básicas durante a madrugada em diversos bairros. O foco principal são moradores de rua, mães em situação de vulnerabilidade social e selecionadores de material reciclável. Atualmente, são 22 pessoas envolvidas nas doações, organização e entrega dos alimentos. A motivação em ajudar surgiu de uma história pessoal. Um familiar de Eliane foi morar na rua e acabou sendo resgatado por um pastor.

- A gente precisava de ajuda com essa pessoa da minha família. Em conversa com o pastor Daniel, de Caçapava do Sul, eu manifestei minha vontade e começamos a agir. Agora, já somos uma grande família. Eles nos dão muito mais do que nós damos a eles. Muitas vezes, ficamos reclamando de pequenas coisas e ouvir as histórias deles nos faz sermos gratas a Deus. É ano novo, muito se fala de amor, e eu creio que isso aqui é amor - afirma.

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Na marmita de almoço deste sábado, tinha arroz, feijão e massa com frango. Foi Eliane quem cozinhou a comida, feita no fogão à lenha por conta do preço do gás de cozinha. Também foram servidos refrigerante e suco. Quem precisava, também ganhou roupas e calçados. Foram entregues cerca de 100 marmitas. Alguns, levaram mais de uma, garantindo a janta ou a refeição de outro familiar. Luiz Carlos Gonçalves Oliveira, que faz 65 anos neste 1º de janeiro, está morando na rua há quatro anos. O vício em álcool o afastou de casa e da família. Ele reconhece que, sem a ajuda dos voluntários de diversos grupos, comer e dormir com o mínimo de dignidade seria impossível. 

- Se não é isso aí, a gente morre de fome. A gente precisa comer, precisa de roupa, calçado, de banho. Eles nos dão tudo - salienta. 

O projeto Café da Tarde Social também foi parceiro da ação deste sábado. Um dos líderes do grupo, Reinaldo Santos, 53 anos, já morou na rua, dormiu inúmeras noites na rodoviária de Porto Alegre, e chegou a viver em 2017 e 2018 na Casa de Passagem de Santa Maria. Ele, mais do que ninguém, conhece a dor da fome e do abandono social. Foi com a ajuda de voluntários que conseguiu ingressar na Universidade Federal de Santa Maria, onde cursou jornalismo, e hoje realiza ações de apoio a quem ainda permanece na rua.

- Eu espero que, em 2022, o Comitê Municipal da População em Situação de Rua aconteça para reunir as secretarias municipais e as organizações religiosas e sociais num sentido comum, retirando as pessoas da rua e oferecendo programas de geração de emprego e renda. Portas de saída da rua para eles - afirma. 

No município, são cerca de 27 projetos apoiados pelo Natal Sem Fome, que realiza ações solidárias no fim de ano. Neste domingo, às 14h30min, na Rua Alberto Pasqualini, vai ocorrer o encerramento das atividades do ano, com doação de marmitas, refrigerante e materiais de higiene pessoal. São esperadas cerca de 50 pessoas.